O Colégio Estadual Homero Baptista de Barros, no bairro Capão Raso, em Curitiba, foi desocupado depois de uma conversa entre a direção da escola e os pais dos alunos.

Após uma semana de ocupação, uma iniciativa conjunta entre pais, estudantes e professores garantiu a normalidade do calendário escolar na instituição. 

A chefe do Núcleo Regional de Educação de Curitiba, Vivian Rita Meza Siqueira Cézar de Oliveira, afirma que esse é um exemplo de que com diálogo é possível resolver qualquer impasse. “O envolvimento dos pais foi fundamental. A autoridade que eles têm perante os filhos é a maneira mais adequada de se resolver qualquer situação de maneira tranquila”, disse Vivian.

FUNDAMENTAIS - Segundo diretor do colégio, Celso Ribas, além do envolvimento dos pais, a não adesão da maioria dos estudantes e a vontade dos professores de continuar trabalhando foram fundamentais para terminar com a ocupação da escola. “Fiz uma reunião com os professores para saber o posicionamento sobre a greve e eles resolveram não aderir. A partir dessa decisão, comecei a mobilizar os pais e a conversar com os alunos para explicar que a ocupação estava sendo efetuada por poucos alunos e que essa não era a vontade da maioria”, disse Ribas. 

“Pouco estudantes do nosso colégio aderiram à ocupação, tinha estudantes de outras escolas e até universitários de outros estados incentivando o ato”, relatou o diretor. A unidade tem 480 alunos, entre fundamental e médio.

Ribas disse, ainda, que alguns familiares se mobilizaram para processar os responsáveis pelos adolescentes que estavam ocupando a escola e impedindo a maioria de concluir o ano letivo. “Era um consenso entre os pais de que o direito dos filhos à educação tinha que ser mantido. Todos os dias um grupo de pais e responsáveis trazem os filhos e acompanham as aulas para garantir que a escola continue funcionando dentro da normalidade”, disse.

DIREITO - Nesta sexta-feira (21), Gianna Waleska Tenório acompanhou a filha, que está no 8° ano do ensino fundamental, até a escola. Gianna faz parte da Associação de Pais, Mestres e Funcionários (APMF) e da comissão de pais formada para garantir o andamento das aulas na escola. São mais de 50 pais e responsáveis envolvidos. “Nós decidimos nos reunir porque nossos filhos estavam sem aula e depois teriam que fazer a reposição no fim do ano. É um direito dos alunos se manifestar, mas também é um direito de nossos filhos de estudar, e isso não estava sendo permitido. A maioria dos pais e alunos era contra a ocupação, por isso nos reunimos para garantir a volta das aulas”, disse a mãe da jovem.

Para o aluno do 1° ano do ensino médio Jonathan Rosa Mota, 17 anos, existem outras maneiras de manifestação que não atrapalham o andamento das aulas. “O melhor seria manifestar nas ruas com faixas e cartazes, mas sem ocupar as escolas porque as ocupações só prejudicam os estudantes”, opinou Jonathan.

A aluna Maria Helena Orchanheski, 16 anos, preferiu não participar da ocupação. “Se querem uma educação melhor, não será ocupando o colégio, perdendo aula, que vão conseguir”, analisou. Segundo ela, os alunos do terceiro ano foram os mais prejudicados com a perda de conteúdo, devido à proximidade do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e dos vestibulares.

COMUNIDADE ENVOLVIDA - Estão sendo realizados pelo Paraná diversos movimentos pela desocupação das escolas. Em Curitiba, foi marcado um ato público para este domingo (dia 23), às 14h, na praça Santos Andrade, no centro da cidade. Em Toledo, na segunda-feira às 18h, está marcado um ato público na quadra de esportes do Lago Municipal. Movimento semelhante ocorre em Cascavel.

Além das manifestações da comunidade para que as escolas permaneçam abertas, também há estudantes que preferem continuar em sala de aula. Em União da Vitória, por exemplo, os estudantes do colégio Túlio de França disseram não à ocupação. Também foram desocupadas, voluntariamente, unidades em Matelândia, Tuneiras do Oeste e Campo Mourão.

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