Com eleições mais equilibradas dos últimos 50 anos, quatro candidatos chegam ao pleito com chances reais de disputar o segundo turno
Foto: AFP

Três dias após o ataque que deixou um policial morto e dois feridos na Avenida Champs Élysées, em Paris, os franceses vão às urnas neste domingo, dia 23, para o primeiro turno das Eleições presidenciais do país. Em meio a um clima de incertezas, quatro candidatos aparecem com chances reais de irem ao segundo turno do pleito que decidirá o sucessor do atual presidente, o socialista François Hollande, no cargo desde 2012.

Atual líder das pesquisas de intenção de voto, o centrista Emmanuel Macron - ex-Ministro da Economia, Indústria e Assuntos Digitais - é apontado como presença certa no segundo turno, mas especialistas em política do país evitam cravar resultados, classificando a atual eleição como a mais incerta dos últimos 50 anos.

Maior rival de Macron e com fortes chances de chegar ao segundo turno, a candidata Marine Le Pen representa a extrema-direita no país. Com posições radicais contra a imigração e a União Europeia (UE), a candidata é a presidente da Frente Nacional, partido que representa a ala mais conservadora da política francesa. Durante sua campanha, Le Pen criticou fortemente o governo de Hollande, cujas ideologias políticas divergem radicalmente das suas.

Antes cotados como certos para a disputa do segundo turno, Macron e Le Pen viram seus rivais crescerem na reta final da campanha, o que deixou a disputa incerta para as eleições deste domingo. Representante da extrema-esquerda, o atual membro do parlamento europeu, Jean-Luc Mélenchon, ganhou força nas pesquisas mais recentes, indicando que sua eventual aparição em um segundo turno não seria uma zebra.

Ex-primeiro ministro do governo de Nicolas Sarkozy, o conservador François Fillon é o quarto candidato que aparece nas pesquisas com chance de aparecer no segundo turno. Com posições de direita, Fillon apresenta discursos similares aos de Marine Le Pen em assuntos como segurança interna e imigração.

Reações ao ataque e alto nível de abstenção devem ditar o ritmo do primeiro turno

Palco de uma série de ataques recentes, a #França ganhou mais um capítulo melancólico na última quinta-feira, dia 20, quando um atirador abriu fogo na Avenida Champs-Élysées, um dos principais cartões postais da cidade. Identificado como integrante do Estado Islâmico, que reivindicou a ação, o atirador matou um policial e deixou outros dois feridos antes de ser morto.

Após o ataque, o presidente François Hollande deu uma declaração garantindo reforços na segurança do país para a realização das eleições deste domingo. “Seremos de uma vigilância absoluta, principalmente em relação ao processo eleitoral”, disse o presidente, que também prestou suas homenagens ao policial morto no atentado e afirmou que as forças de segurança do país já estão mobilizadas para combater eventuais ações similares.

Como o ataque ocorreu apenas três dias antes do pleito, não se sabe se ele terá alguma relação nas intenções de voto de algum dos quatro candidatos postulantes ao segundo turno. De acordo com as pesquisas, mais de um terço dos eleitores se mostrou indecisa sobre seu voto, o que pode representar um grau de abstenção superior a 30%.

Para analistas políticos, as eleições presidenciais da França podem ditar o ritmo do que ocorrerá na Europa nos próximos anos. Após a votação favorável ao Brexit - processo de saída do Reino Unido da União Europeia, confirmada em junho de 2016 - especula-se que uma mudança de rumo da França pode significar o enfraquecimento do bloco.

A hipótese é levantada no caso de uma eventual vitória de Marine Le Pen ou de François Fillon, candidatos de direita que podem conduzir um processo semelhante de plebiscito e eventual saída do bloco, o que pode enfraquecer ainda mais a UE e redesenhar o mapa de relações políticas e sociais do continente no futuro próximo.

Com BlastingNews.com

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