Candidato do Democratas do Rio de Janeiro derrotou, por 285 votos a 170, o favorito de Michel Temer para suceder Eduardo Cunha
Maia adotou discurso “morde e assopra”. - foto Gustavo Lima /Câmara dos Deputados

O deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) venceu a eleição para presidente da Câmara. Maia teve 285 votos contra 170 do deputado Rogério Rosso (DEM-RJ), no segundo turno do pleito. Foram registrados também cinco votos em branco. Após a divulgação do resultado, eles abraçaram-se, aos gritos de “Fora, Cunha” de um grupo de deputados. Maia imediatamente sentou-se na cadeira de presidente.

Ele agradeceu ao líder do PT na Casa, Afonso Florence (BA), pela “confiança”. O novo presidente da Câmara também agradeceu à família e chorou. Maia afirmou que terá muito trabalho a fazer e que tem de pacificar o plenário. De acordo com o novo presidente da Casa, não é só o governo que tem boas ideias e cada deputado tem de ser ouvido. Após o discurso, Maia encerrou a sessão e convocou uma outra, não deliberativa, para esta quinta-feira (14), às 14 horas.

Votação

Cerca de uma hora e meia depois de a sessão ter sido suspensa, os parlamentares iniciaram o segundo turno da votação. Por ordem alfabética, Maia e Rosso tiveram dez minutos cada para falar no plenário. No intervalo, eles circularam de liderança em liderança negociando apoio para as candidaturas. Em seu discurso, Maia buscou agradar governistas e oposicionistas. Ao falar do seu pai, o ex-prefeito Cesar Maia, e lembrar da Constituinte, o parlamentar citou políticos de nomes de diversos partidos, como Ulysses Guimarães, fundador do PMDB, Mário Covas, fundador do PSDB, e José Genoino, do PT.

Maia afirmou que foi muito criticado no início da disputa por ter buscado apoio de partidos da esquerda, mas defendeu a unidade da Casa. Ele também aproveitou para rebater críticas dos bastidores de que é antipático e adotou um discurso de aproximação, dizendo que é igual a todos.

“Dizem que o Rodrigo não sorri, mas o Rodrigo cumpre palavra, Rodrigo é leal, acho que isso é que é determinante para o mandato parlamentar”, disse, falando em terceira pessoa. “Se eu sentar naquela cadeira eu serei só um de 513, nós vamos comandar essa cada juntos”, continuou. “Quero acabar o império dos líderes, porque os líderes são importantes, mas todos tem que ter oportunidade de falar.”

Maia afirmou ainda que o momento é de crise e que a Câmara enfrentará “projetos difíceis” e que o futuro líder da Casa precisará ter “responsabilidade independente de ser governo e oposição”. Defendeu o fim das votações de madrugada.

Em um discurso de morde e assopra, Maia criticou o governo Dilma Rousseff, dizendo que alertou que o Brasil estava “quebrado”, que a situação “só piorou” com o tempo, e que o Legislativo precisa falar sobre questões do Executivo. Antes do discurso, Rosso convidou Maia para subir na tribuna e eles se abraçaram. “Quero dizer que, é claro, quem senta naquela cadeira não é uma pessoa, somos todos nós”, discursou. “De fato é um mix de emoção, ansiedade, mas de convicção, de que é esse Parlamento que vai enfrentar com altivez e coragem as reformas estruturantes que sabemos que o Brasil precisa.” Rosso também fez uma brincadeira, dizendo que por residir em Brasília não vai precisar usar avião da FAB e vai economizar.

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