Doses estão disponíveis em todas as unidades básicas de saúde de Paranaguá. Lúcia Eneida Rodrigues é infectologista e comenta complicações que podem decorrer da doença.

Médica Lúcia Eneida Rodrigues salienta importância da vacina contra sarampo

Médica Lúcia Eneida Rodrigues salienta importância da vacina contra sarampo

O surto de sarampo em São Paulo e o primeiro registro da doença em terras paranaenses, mesmo que importado, acendeu alerta vermelho nas autoridades sanitárias do Estado. Em Paranaguá, a preocupação aumentou também, pela proximidade com a área que está tendo registro de vários casos da doença. Por este motivo a Secretaria Municipal de Saúde inicia nesta semana uma série de medidas para aumentar a divulgação de mais informações à população local. 

A médica infectologista Lúcia Eneida Rodrigues, que atua na rede municipal de Saúde, alerta para a importância da vacinação, que começou a ser intensificada pela Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) há alguns dias. Ao mesmo tempo começa a ser realizada entrega de material informativo na cidade, numa produção conjunta com a Secretaria Municipal de Comunicação. Vídeo com orientações sobre a doença também será encaminhado para as redes sociais nesta semana. 

“Temos uma vacina altamente eficaz, disponível em todas as unidades de saúde, e que é a única forma efetiva de prevenção”, alerta a médica. “A doença não se instalou ainda aqui no Paraná e isso pode ser prevenida com a aplicação da vacina”, comenta Lúcia Eneida, que tem experiência no tratamento de pacientes com sarampo após acompanhar epidemia ocorrida em Londrina, em 1998. A doença está erradicada do Estado desde então. 

Para controlar a propagação do sarampo a Organização Pan Americana de Saúde (OPAS) recomenda que deve haver cobertura vacinal de 95% da população. O problema é que esses índices não vem sendo atingidos nos últimos anos por conta de campanhas mentirosas disseminadas nas redes sociais sobre a eficácia da dose. “A vacina contra o sarampo está em uso há mais de 50 anos e é segura, eficaz e acessível economicamente. Imunizar uma criança contra o sarampo custa menos de 1 dólar”, afirma a OPAS, em folha informativa sobre o tema, onde consta também que em 2017 um total de 110 mil pessoas morreram em decorrência da doença em todo o mundo.

A equipe de Vigilância Epidemiológica da Semsa está em alerta e atua para intensificar a vacinação e aumentar a cobertura. Estima-se que do início do ano até agora foram imunizadas mais de 6 mil pessoas contra o sarampo. “Não há dados específicos sobre o percentual da população que está protegida contra a doença, porque é um registro histórico que nunca foi feito. Mas é importante que nossa população fique atenta e procure manter sua carteira de vacina em dia”, orienta a secretária municipal de Saúde, Lígia Regina de Campos Cordeiro.

TRÍPLICE VIRAL

A vacina que protege contra o sarampo é a tríplice viral e também imuniza contra a caxumba e rubéola. Crianças com idade de 1 a 4 anos devem tomar duas doses, sendo recomendada a primeira aos 12 meses e a segunda três meses depois. Já quem possui entre 5 e 29 anos também tem que tomar duas doses, com intervalos de 30 dias entre elas. De 30 a 49 anos o indicado é dose única. 

“Acima de 49 anos a gente considera que teve contato com o vírus selvagem nas outras epidemias anteriores e, por isso, provavelmente, a pessoa está imune”, comenta Lúcia Eneida. Ainda de acordo com a médica, profissionais de saúde devem ter duas doses registradas na carteirinha, independente da faixa etária.


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TRANSMISSÃO E TRATAMENTO

O sarampo é uma doença causada por vírus altamente contagioso da família “Paramyxorividae”, normalmente transmitido por meio do contato direto e pelo ar (ao falar, respirar, espirrar e tossir). A infecção se dá no aparelho respiratório e se espalha para todo o corpo. A transmissão para outras pessoas pode ocorrer 4 dias antes do principal sintoma, que são os exantemas (vermelhidão). “Ou seja, antes de a pessoa apresentar o quadro clínico clássico, ela já está transmitindo, o que torna muito difícil a prevenção”, declarou a infectologista Lúcia Eneida. 

Outros sintomas do sarampo ainda são febre alta súbita, dor de cabeça, coriza e conjuntivite. Além das vermelhas há ainda as manchas brancas, que podem surgir no primeiro ou segundo dia antes do aparecimento das exantemas. Diferente da gripe, conforme a médica, “quando a gente pode aumentar a lavagem da mão, proteger a via respiratória, o sarampo é um vírus tão eficaz na transmissão que fica suspenso no ar, com as gotículas, e fica muito fácil para pegar”. “Às vezes, a pessoa nem está mais no ambiente e você entra podendo ser contaminado. A única medida de prevenção eficaz é a vacina”, reforça a profissional. 

As manchas vermelhas começam a aparecer na região na cabeça e se espalham por todo o corpo. “E são manchas que ocupam o corpo todo de uma vez. Em 24 horas a pessoa está com o corpo inteiro tomado. E tem uma face de doente bem importante, ou seja, a pessoa fica bem abatida”, explica Lúcia Eneida. 

Há dificuldade na realização de um diagnóstico preciso em relação ao sarampo, de acordo com Lúcia Eneida, “porque nos últimos 20 anos quem não esteve presente nas epidemias, como foi o caso dela, em Londrina, em 1998, desconhece a doença, só por fotografia ou livro, não fez um diagnóstico rápido”. “Então, a gente tem que estar muito atento, tanto os profissionais quanto o paciente”, avalia.

Em se verificando a suspeita da doença deve ser feita avaliação médica, para que o profissional e as autoridades possam ter certeza de como está a evolução. No surto em São Paulo a doença tem se apresentado benigna, na maioria das vezes, segundo Lúcia Eneida. “A pessoa, logicamente, fica doente, com febre, sente-se mal, porém, não estão aparecendo grandes complicações, ainda. Ao procurar o médico com sintomas da doença é importante informar caso tenha viajado a São Paulo, Estados Unidos ou Rússia, país este que está com epidemia preocupante, com mais de 50 mil casos”, orienta. Inglaterra também anunciou nesta semana o retorno da doença. 

Após a identificação de paciente com suspeita da doença a equipe de saúde vai tentar priorizar o atendimento e evitar o contato com outras pessoas. Se o diagnóstico for confirmado é importante evitar lugares com aglomeração de pessoas e a orientação é que haja o isolamento social. “Fica em casa, tranquilo, se cuidando, em repouso, fazendo hidratação. Não existe medicação específica para sarampo. Ou seja, as medidas são gerais. A gente tem que se manter num bom estado, para o corpo ter condições de reagir contra”, comenta a médica. 

O sarampo tem complicações típicas das infecções virais graves, podendo desenvolver pneumonia e meningoencefalite (meningite que se manifesta junto com a doença, ou após, e que pode levar à morte ou deixar sequelas neurológicas graves, como paralisia cerebral, em crianças.

SECOM

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