Prevenção, busca ativa, tratamento assistido e outras estratégias são adotadas. Número de casos registrados na cidade atualmente preocupa.

A Secretaria Municipal de Saúde realizou nesta sexta-feira (22) o “1.º Seminário pelo fim da tuberculose como problema de saúde pública”. O evento foi em comemoração ao Dia Mundial de Combate à Tuberculose, que será no próximo domingo (24), e beneficiou profissionais que atuam na prevenção, diagnóstico e tratamento contra a doença na cidade. O local escolhido foi o edifício Mário Manoel das Dores Roque, sede da pasta, na região central de Paranaguá.

Dados computados até março de 2019 pela Secretaria Municipal de Saúde apontam Paranaguá possui atualmente 51 pessoas em tratamento contra a tuberculose, incluindo uma criança de 11 anos. Outras 46 estão sendo monitoradas e tomam medicação preventiva, por terem contato com esses pacientes. Normalmente, são familiares e amigos mais próximos. A situação é preocupante, porque o índice recomendado são 10 casos para cada grupo de 100 mil habitantes de uma cidade.

Há décadas que Paranaguá é assolada por índices altos de tuberculose. Alguns fatores são preponderantes para isso, como o fato de ter um porto e, com isso, um fluxo grande de pessoas de outras localidades, que podem promover a circulação do bacilo responsável pela doença, além de questões socioeconômicas. Estão mais suscetíveis à doença, pessoas em situação de rua, portadores de HIV, presos e indígenas. A boa notícia é que mesmo sendo letal, se não tiver o tratamento adequado, a doença tem cura. 

Em Paranaguá há um esforço para reduzir os índices da doença. “Nossa meta é diminuir cada vez mais esses números e nossas equipes estão empenhadas nisso. O prefeito Marcelo Roque já chegou a acompanhar pessoalmente o trabalho das equipes, o que demonstra nossa preocupação. Parabenizo nossa equipe pelo trabalho que realiza tanto na prevenção, na busca por esses pacientes para diagnóstico, e também pelo tratamento”, frisou a secretária municipal de Saúde, Lígia Regina de Campos Cordeiro. 

De acordo com a psicóloga Cláudia Michelon, que compõe a equipe que atua no combate à tuberculose, todos os esforços estão sendo tomados para que até 2035 seja atingida a meta estabelecida pela Organização Municipal de Saúde (OMS) de reduzir em 95% os índices da doença. “Temos que fortalecer o acesso à prevenção, o diagnóstico e o tratamento. (…) Dos 51 casos que temos hoje em Paranaguá, 68,3% são de homens e 31,6% de mulheres. A maior incidência está entre pessoas com idade de 20 a 45 anos”, explica a psicóloga. 

A médica infectologista Camila Arenhs são vários desafios para conseguir reduzir a incidência da doença, como alta letalidade, aumento no número de casos de tuberculose resistente e concentração em populações vulneráveis. “Aumentou a tecnologia de medicamentos, mas a gente não tá dando conta (de reduzir o número de casos) por causa da pobreza e outros fatores. (…) Por isso é importante ao sinal de qualquer sintoma procurar uma unidade de saúde”, orientou a médica, que também deu orientações aos participantes sobre o manejo clínico da doença, dentre outras questões. 

A tuberculose se apresenta com sintomas como tosse contínua, febre vespertina, perda de peso, emagrecimento, suor noturno, escarro com sangue, dor no peito e cansaço. Nestes casos é importante procurar orientação médica e serão feitos o teste do escarro ou raio-X dos pulmões para avaliar se a pessoa está realmente doente.

A Ilha dos Valadares é o bairro com maior número de casos de pacientes com tuberculose em Paranaguá. São 17 ao todo, contra 10 de bairros na região da Vila Divinéia (que ainda não possuem equipes do Estratégia Saúde da Família – ESF), onde está localizado o Centro Municipal de Diagnóstico (CMD). São 7 na Vila Garcia, 7 no Jardim Araçá, 6 na Vila do Povo, 4 na região do CAIC e Santos Dumont e 2 no Jardim Iguaçu e na Vila Guarani. 

TDO

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O Tratamento Diretamente Observado (TDO) oferecido aos pacientes de Paranaguá é uma referência. Diariamente, agentes comunitários de saúde vão à casa do paciente acompanhar se ele tomou o medicamento. “Isso faz toda a diferença, porque há a continuidade no tratamento. E se houver a interrupção o tratamento fica mais difícil. O TDO é uma motivação a mais para o paciente”, explicou a agente comunitária de saúde Roseneide Alves Simão, da unidade de saúde da Vila do Povo. 

Assim como Roseneide, outras profissionais da Vila do Povo compartilharam experiências e situações cotidianas que enfrentam para conseguir encontrar pessoas sintomáticas da doença e para que os pacientes possam concluir o tratamento, que é de 6 meses. Os participantes do evento aplaudiram bastante as iniciativas e também relataram a importância do TDO. 

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