Representantes do Governo Federal visitaram nesta terça-feira (22) o Porto de Paranaguá para conhecer a estrutura de armazenagem e embarque. Os técnicos avaliam as melhores alternativas para o acesso à cidade a partir da construção da Nova Ferroeste.

Uma equipe do Ministério da Infraestrutura esteve nesta terça-feira (22) no Porto de Paranaguá para conhecer parte da estrutura, analisar qual será o impacto e as melhores soluções para a malha ferroviária da cidade com a construção da Nova Ferroeste. Na visita técnica eles foram acompanhados por um grupo do governo estadual, liderado pelo secretário de Infraestrutura e Logística, Sandro Alex, junto de integrantes do Grupo de Trabalho do Plano Estadual Ferroviário.

Cumprindo o plano de planejamento da nova ferrovia, a agenda incluiu uma visita ao Terminal de Contêineres do Paranaguá (TCP) e à administração geral da empresa pública Portos do Paraná. A equipe do governo federal foi recebida pelo diretor-presidente da Portos, Luiz Fernando Garcia, e pelo vice-diretor comercial da TCP, Tomas Lima, e viu de perto como acontece a chegada dos contêineres, o armazenamento e o embarque nos navios.

A comitiva avaliou a estrutura e conheceu os planos de ampliação para receber o novo volume de carga que será gerado pela construção de uma segunda ferrovia no Estado. “O projeto da Nova Ferroeste é muito importante para melhoria de infraestrura ferroviária do Sul do País porque boa parte do escoamento de grãos do Centro-Sul do Brasil ainda é muito dependente do modal rodoviário", disse o assessor especial do Ministério da Infraestrutura, Marcos Félix.

O projeto da Nova Ferroeste prevê uma nova descida pela Serra do Mar, utilizando a área de escape da BR-277. Na chegada a Paranaguá, a Rumo Logística, que detém a concessão do traçado atual, e a Nova Ferroeste vão compartilhar o trilho para acessar o Porto de Paranaguá. Por isso, a ideia é alinhar os dois traçados para otimizar a estrutura existente e minimizar o impacto gerado pelo aumento no volume de carga que virá do Mato Grosso do Sul e do Oeste do Paraná.

A equipe também esteve em um dos pontos críticos da ligação das duas malhas, na Rua Roque Vernalha. Os técnicos devem buscar uma solução conjunta para diminuir o impacto do trem na cidade, um dos maiores problemas atuais, de acordo com estudo do Programa de Segurança Ferroviária (Prosefer) feito pelo DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes).

Curitiba, que está fora do traçado da Nova Ferroeste, também vai se beneficiar do projeto, pois terá uma alternativa para a passagem de carga com direção ao Porto de Paranaguá.

“Nós vamos tirar não só o apito, mas principalmente esse volume de carga do Centro de Curitiba, o que traz mais velocidade também para a chegada ao porto. Hoje não temos competitividade. São cinco dias de viagem”, afirmou Sandro Alex. “Esse é um investimento em infraestrutura que assegura o desenvolvimento do Estado". 

Os técnicos do Ministério e do Governo do Estado darão continuidade à agenda de visitas nesta semana em Cascavel e Foz do Iguaçu.

PORTO – O porto de Paranaguá é o segundo maior do Brasil em movimentação geral, sendo o primeiro em exportação de frango congelado e óleo vegetal e o segundo em movimentação de soja, açúcar, papel, carne e álcool. Em maio, alcançou um novo recorde de movimentação de cargas em um único mês: 6.081.904 toneladas transportadas. O volume é histórico e, pela primeira vez, os terminais paranaenses superam o patamar de 6 milhões de toneladas movimentadas em trinta dias.

Nos primeiros cinco meses deste ano, os portos paranaenses acumularam 24.343.390 toneladas movimentadas. Deste total, 77% chegaram ou saíram via rodovia. Só em maio, 4.698.159 toneladas foram transportadas por caminhões. O modal, entretanto, teve queda de 3% na participação, se comparado ao mesmo mês de 2020, quando respondeu por cerca de 81% do total.

O percentual foi absorvido pelo modal ferroviário, que cresceu nesta exata proporção, passando de 17,80% (1.017.637 toneladas) em maio do ano passado para 20,77% (1.262.209 toneladas) no último mês.

Atualmente, Paranaguá conta com 70 quilômetros de linhas férreas, 7,5 deles instalados no Corredor de Exportação. A integração entre porto e ferrovia é fundamental para garantir competitividade e eficiência nas operações, já que os trens oferecem regularidade no fluxo operacional e segurança no transporte.

De acordo com o diretor-presidente da Portos do Paraná, Luiz Fernando Garcia, a capacidade para descarga férrea no Porto de Paranaguá é de 32 milhões de toneladas/ano, o que equivale a 1.785 vagões por dia.

“Hoje, um único vagão consegue transportar 45 toneladas de produtos, ou seja, cinco toneladas a mais do que um caminhão. Para se ter ideia de como essa capacidade tem impacto direto no tráfego nas rodovias e na cidade, é preciso considerar que, para carregar um navio, são necessários 1,5 mil vagões, enquanto a mesma quantidade de carga necessitaria 1,8 mil caminhões para o transporte”, disse.

CARGAS

Entre os principais produtos movimentados em Paranaguá, transportados por ferrovia, destacam-se o açúcar (80%), milho (35%), soja (28%) e farelos (18%), além de contêineres (12%), óleos vegetais (4%) e fertilizantes (2%).

Para a descarga de grãos via ferrovia, o Corredor de Exportação do Porto de Paranaguá e o Silo Público contam com duas moegas – equipamentos para recepção e destinação dos produtos.

Já o Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP) é líder no mercado brasileiro no modal. O terminal é o único do País com conexão ferroviária direta e 15% da carga movimentada, cerca de 6 mil contêineres/mês, chegam pela ferrovia.

NOVA FERROESTE – O traçado com 1.285 quilômetros da nova estrada de ferro vai ligar Maracaju, no Mato Grosso do Sul, ao Porto de Paranaguá, dando origem a um dos mais importantes corredores de exportação do País. A expectativa é que seja possível o transporte de 54 milhões de toneladas por ano.

A área de influência indireta abrange 925 municípios de três países. São 773 do Brasil, 114 do Paraguai e 38 da Argentina. No Brasil, impacta diretamente 425 cidades do Paraná, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina, totalizando cerca de 9 milhões de pessoas. A área representa 3% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.

A previsão é que os estudos de viabilidade sejam finalizados em setembro e os estudos de impacto ambiental em novembro. A intenção é colocar a ferrovia em leilão na Bolsa de Valores do Brasil (B3), com sede em São Paulo, logo na sequência. O consórcio que vencer a concorrência será também responsável pelas obras.

AEN-PR

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