Mudança é possível devido à economia de R$ 66 milhões e negociação com os fabricantes para redução no preço das doses

O Ministério da Saúde anunciou nesta sexta-feira (3) mudanças no Calendário Nacional de Vacinação. As alterações, já válidas em todos os postos de saúde, ampliam o público-alvo de seis vacinas: tríplice viral, tetra viral, dTpa adulto, HPV, meningocócica C e hepatite A. Segundo a pasta, o objetivo é aumentar a proteção de crianças e adultos e diminuir a incidência de algumas doenças no país, como caxumba e coqueluche. 

Para as crianças, as mudanças ocorrem nas vacinas contra hepatite A e a tetra viral, que protege contra sarampo, caxumba, rubéola e varicela. Em ambos os casos, a vacina passa a ser disponibilizada para crianças com 15 meses a até cinco anos - antes, a idade máxima era de até dois anos. "Não estamos dando uma dose a mais, e sim uma chance extra para quem perdeu a oportunidade de se vacinar", explicou a coordenadora-geral do Programa Nacional de Imunizações (PNI), Carla Domingues. 

Confira as mudanças no calendário de vacinas oferecidas gratuitamente

Confira as mudanças no calendário de vacinas oferecidas gratuitamente

Também passam a receber a vacina homens e mulheres com baixa imunidade (como transplantados e pacientes oncológicos) e homens vivendo com HIV e Aids entre 9 a 26 anos - até então, a vacina era indicada apenas para mulheres com HIV e Aids. A alteração visa aumentar a proteção de pessoas cujo sistema imunológico é mais suscetível a problemas graves. 

ADULTOS

Para os adultos, o Ministério da Saúde altera a faixa etária recomendada para oferta de duas vacinas: dTpa, que protege contra difteria, tétano e coqueluche; e a tríplice viral, indicada contra sarampo, caxumba e rubéola. Assim como corre para as crianças, não há a inclusão de doses extras, mas sim ampliação no momento indicado para oferta das doses. 

Antes recomendada para grávidas entre a 27ª e 36ª semana de gestação, a dTpa passa a ser ofertada mais cedo e por um período mais longo: a partir da 20ª semana ou no puerpério, ou seja, até 45 dias após o parto. O objetivo é aumentar a proteção dos bebês e mães contra coqueluche, cujos casos vêm crescendo no país – o ministério, no entanto, não informou o total de registros. "Com isso fazemos com que o bebê já nasça com anticorpos maternos", afirmou Carla. Segundo a coordenadora, caso as mães não consigam vacinar a tempo durante a gestação, a vacina pode ser administrada também no período após o parto. "Neste caso, não haverá transmissão de anticorpos da mãe para o filho, mas isso evita transmitir a doença para o recém-nascido." 

O esquema vacinal para adultos também muda em relação à tríplice viral. Até então, a vacina era ofertada em duas doses, uma na infância e outra até os 19 anos, ou em uma dose de 20 a 49 anos. Agora, haverá a oferta desta segunda dose até os 29 anos ou de uma só dose de 30 a 49 anos. 

De acordo com a coordenadora, a mudança ocorre devido à ocorrência de novos surtos de caxumba em 2016 e à necessidade de manter o país livre de outras doenças, como sarampo. "Temos ainda países onde doenças como o sarampo são endêmicas. À medida que temos grande circulação de pessoas, se não temos a população devidamente vacinada, essas doenças podem voltar a acontecer", disse. 

O ministério não informou quantas doses extras devem ser disponibilizadas. Segundo o ministro Ricardo Barros, a ampliação ocorre após economia de R$ 66 milhões e negociação para redução no preço das vacinas com os fabricantes. 

Atualmente, 19 vacinas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) são ofertadas gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Por ano, são disponibilizadas na rede pública cerca de 300 milhões de doses de imunobiológicos que combatem mais de 20 doenças.

Com Natália Cancian / Folhapress

Deixe o seu comentário